domingo, 25 de abril de 2010

A silenciosa aceitação do pavoroso enigma de viver o mundo.

"Ai de mim!", disse o rato, – "o mundo vai ficando dia a dia mais estreito, outrora, tudo era tão vasto que sentia medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que estou já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair".
–"Mas o que tens a fazer é mudar de direção", disse o gato, devorando-o."
Franz kafka

Considerações: Tão vasto o mundo, muitas possibilidades de vivê-lo.
O Rato da fábula é o Homem; os muros, a Razão.
A Razão ajuda a delimitar, até um certo ponto, os nossos atos de vida; inspira confiança. Contudo a vida já é delimitada por forças incompreensíveis. Assim, a Razão não é mais que a compreensão dessas força. O rato parece saber a direção de seu caminho: a ratoeira (ratoeira — possível morte).
O gato é o mistério, o sem sentido, o absurdo, o inexplicável. Ele aconselha o rato a mudar de direção, sem, contudo, dar a ele a oportunidade de mudar. Talvez o rato já tivesse tido, sem saber, essa oportunidade; talvez o gato tivesse ironicamente justificado o seu conselho devorando o rato (garantindo, aliás, a sua alimentação e cumprindo o seu instinto de sobrevivência). No universo kafkiano, portanto, nada é explicável; tudo é, em silêncio, imenso e assustador… Não há resposta… E nunca haverá.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O coração se pudesse pensar, pararia.

“..Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.”
“Parece-me que sonho cada vez mais longe, que cada vez mais sonho o vago, o impreciso, o invisionável.”
Fernando Pessoa - livro do desassossego

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Não somos apenas o que pensamos ser.
Somos mais; somos também, o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos;
Somos as palavras que trocamos, os enganos q cometemos,os impulsos a que cedemos, "sem querer"."
Freud

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Começe fazendo o mais difícil:
Perdoando a si mesmo.

A criança e Deus



Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
Disseram-me que estarei sendo enviada a terra algumas semanas...
Como eu vou viver lá, sendo tão indefesa?
E Deus disse:
Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você.
Estará lhe esperando e tomará conta de você.
Criança:
Mas diga-me: Aqui no céu eu não faço nada, a não ser cantar e sorrir,
O que é suficiente para que eu seja feliz, serei feliz lá?
Deus:
Seu anjo cantará e sorrirá para você...a cada dia, a cada noite,
A cada instante, você sentirá o amor de seu anjo e será feliz.
Criança:
Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua.
que as pessoas falam?
Deus:
Com muita paciência e carinho seu anjo lhe ensinará a falar.
Criança:
E o que farei quando eu quiser te falar?
Deus:
Seu anjo lhe ensinará a orar.
Criança:
Eu ouvi falar que na terra há homens maus. Quem me protegerá?
Deus:
Seu anjo lhe defenderá mesmo que isso signifique arriscar sua própria vida.
Criança:
Mas eu serei sempre triste porque eu não te verei mais.
Deus:
Seu anjo sempre lhe falará sobre mim, lhe ensinará a maneira de vir a mim,
E eu sempre estarei dentro de você.
Neste momento havia muita paz no céu, já se podiam ouvir as vozes lá da terra.
A criança pediu suavemente:
Oh! Deus, diga-me, por favor, o nome do meu anjo.
E Deus respondeu:
Você chamará seu anjo de... MÃE